quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Duas Caras: racismo e despolitização a la Rede Globo

Os deserviços prestados pela Rede Globo à sociedade brasileira estão longe de ser novidade. Nesse sentido, a novela "Duas Caras", exibida de segunda a sábado no chamado horário nobre é um exemplo de ridicularização do movimento estudantil e um verdadeiro culto ao posicionamento acrítico, do qual a emissora da família Marinho é uma histórica defensora.

Nos últimos capítulos, os telespectadores puderam acompanhar o drama vivido pela personagem de José Wilker, que interpreta um "bonzinho" reitor de uma faculdade privada, vítima de um aluno problemático e - veja só que coincidência - negro, que se aproveita de uma determinada situação para acusar a personagem de Wilker de racismo. Mas o nosso dileto reitor não está sozinho! A favor dele estão um grupo de estudantes que, de forma bem acrítica, posicionam-se na defesa incondicional de seu mestre.

O que a novela faz, na prática, é ridicularizar o movimento estudantil - em dado momento a trama exibe cenas que se assemelham à recente ocupação da reitoria da USP, relatando os estudantes como um bando de desordeiros -, defender o acriticismo e a despolitização, colocando como exemplo de alunos um grupinho que estão sempre do lado da direção e tudo isso, é claro, com uma boa dose de racismo.

Pois bem, mais uma vez a Rede Globo merece uma retumbante vaia por seu explícito desdém com as causas democráticas sempre defendidas pelo movimento negro e estudantil.

Jornal da Globo e a Romênia

Na edição de ontem, na madrugada do dia 30 para 31 de janeiro, o noticiário da madrugada global deu mais um espetáculo de anticomunismo. Como parte de uma série de matérias sobre a indústria automobilística exibidas ao longo dessa semana, a reportagem do JG resolveu citar a Romênia, país da antiga Europa Oriental como um exemplo na fabricação da automóveis.

Até aí, se tratava apenas de mais uma matéria de dar sono, até que de repente a repórter cujo nome não me atentei começou: "ná época do comunismo...". A partir desse momento os telespectadores puderam ver uma série de comparações entre o atrasado e antidemocrático comunismo e a modernidade e o progresso representados pelo capitalismo neoliberal.

É uma pena que os editores do reacionário jornal tenham se "esquecido" de comparar os índices sociais da antiga Romênia socialista e a atual, onde a modernidade e o progresso só existem para uma pequeniníssima parcela da população daquele país, enquanto que o restante é obrigada a conviver com a marginalidade e a pobreza. Diga-se de passagem, o país do Conde Drácula tem um dos menores IDH's da Europa.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Blogueiros e colunistas progressistas: uni-vos!

Resolvi de uma vez por todas atender ao chamado do comunista Oswaldo Bertolino em matéria publicada na edição de janeiro do Jornal A Classe Operária, que conclama a esquerda a encampar a guerra de informação que se trava hoje através da internet.

Aliás, o debate sobre a democratização da comunicação não é novo, mas ultimamente vem ganhando corpo, principalmente após a não renovação da licença da RCTV, emissora golpista da Venezuela. Enquanto a grande mídia mundial noticiava o caso como um desrespeito à liberdade de imprensa, o debate sobre a utilização dos meios de comunicação para satisfazer interesses de uma pequena elite estava sendo fomentado.

É bom lembrar que a imprensa brasileira também sempre teve um belo histórico de manipulação e distorção de fatos em defesa dos mais escusos interesses e em detrimento da verdade. Dando nomes aos bois, a Rede Globo e as outras grandes emissoras do país, jornais como a Folha de São Paulo e revistas como a Veja sempre deram uma aula de desrespeito à democracia.

Por isso, é importante que todos que compreendem a importância de se travar essa disputa entrem nesse campo de batalha e contribuam para a derrota da imprensa marrom que detém praticamente o monopólio das informações no país.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sonho que se sonha só...

... é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade, já dizia o poeta.

Agora imagine um garoto de 16 anos, que vivia uma vida "normal" (casa, escola, "estudar" com os amigos), estudante de uma Escola particular e sem nenhuma preocupação (a não ser a nota de matemática) mudar repentinamente porque compreendeu que sozinho nessa vida a gente não vai pra lugar nenhum.

Tá certo que desde os 11, 12 anos de idade eu já me interessava por esse negócio de participação política, mas não a política como era - e é -praticada. E muitas coisas contribuíram com isso, entre elas um livro de história que contava uma versão diferente da qual eu estava acostumado a ver. Esse livro, de Mário Schmidt, afirmava que a independência do Brasil não aconteceu com um mero acordo entre a colônia e a metrópole, mas que foi preciso derramar muito sangue brasileiro pela nossa soberania. E que a abolição da escravatura não foi um favor da princesa Isabel e sua decadente monarquia, mas fruto da luta do povo negro, que cercava o palácio da princesa quando da assinatura da famosa lei. Também falava que o que aconteceu no Brasil em 1964 não foi Revolução, mas um golpe de estado orquestado pelas elites e que só foi derrotado anos depois graças à brava luta de nosso povo...

Esse livro também me fez admirar uma tal de UNE. Certa vez, fiquei acordado até tarde pra assistir uma entrevista de Felipe Maia, então presidente dessa entidade, no jornal da Globo, e olhe que ficar acordado até essa hora naquela época me rendia uma bronca da minha mãe. Mesmo assim, abaixei o volume da televisão pra que ela não acordasse e fiz questão de conhecer um pouco mais dessa famosa organização estudantil. Desde já, me sentia representado por ela.

Até que um belo dia um rapaz chamado Lenialgumacoisa (não entendi o nome de primeira) foi na minha Escola e quando chegou na minha sala a primeira coisa que perguntou foi se alguém sabia o que significava a sigla UBES. Querendo dar uma de inteligente, respondi:
- Universidade Brasileira de...
Errei feio! Mas achei interessante quando fiquei sabendo que UBES significava União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. Prontamente perguntei se tinha alguma coisa a ver com a UNE, e o rapaz respondeu que eram entidades irmãs, a primeira representando os secundaristas e a segunda, os universitários.

Pois o melhor é que a UBES iria realizar o seu 35º Congresso Nacional no final do ano e estava passando nas Escolas de todo o Brasil para eleger um representante para participar desse Congresso. Fiquei interessado e acabei sendo eleito delegado. Mas antes, a gente teve várias reuniões com estudantes de outras escolas de minha cidade pra discutir um pouco de nossas opiniões. Participando dessas atividades, aprendi o que era movimento estudantil, além de fazer muitas novas amizades.

E aprendendo o que era movimento estudantil aprendi que tem uma entidade que joga um papel muito importante na condução das movimentações dos estudantes, a UJS - União da Juventude Socialista. Foi quando, além de ter sido ganho para a luta dos estudantes, fui convencido que todas as injustiças que eram cometidas nesse mundão só acabariam quando acabasse o capitalismo. Assim, virei um jovem socialista!

Mas o melhor ainda estava por vir: na medida que eu participava de todas essas lutas, percebi que tinha um Partido Político que apoiava todas as nossas causas. Mas espera aí, um Partido que não que só o meu voto?

Pois é verdade! Era o Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. O primeiro - e único - partido que conheci que não tinha como seu principal objetivo enriquecer às custas do povo. Aliás, é um Partido formado pelo povo, por gente simples que dá um duro danado no dia a dia e sente na pela a exploração capitalista, e por isso decidiram lutar por um novo Brasil.

É, nesses anos de militância a minha vida mudou radicalmente. E foram muitas dificuldades que foram enfrentadas durante esse percurso, mas numa boa, eu não trocaria essa vida por nada, pois foi nela que conheci algumas das pessoas que mais amo, nela, aprendi a sonhar um sonho que, por mais que pareça utopia é plenamente realizável.

Mas nada de sonhar sozinho...